A razão pela qual o inglês britânico e o americano são tão diferentes no léxico e no sotaque é uma das grandes curiosidades relacionadas ao idioma que merece ser analisada. Muitos acreditam, e com razão, que o inglês americano é uma evolução natural do inglês britânico. De fato, muitas características do inglês americano são decorrentes do encontro com outros idiomas e dialetos.
Mas você ficará surpreso em saber que, na verdade, nem sempre é assim. Em alguns casos, como, por exemplo, da consoante “r” rótica, a pronúncia original e mais antiga é precisamente a pronúncia americana. Quem poderia imaginar isso? A seguir, explicamos o por quê e apresentamos outras diferenças entre os sotaques americano e o britânico, também vamos buscar dar uma explicação para a origem dessas diferenças.
R rótica
No inglês americano, o “r” sempre é pronunciado, enquanto que no inglês britânico o “r” não é pronunciado. A consoante “r” rótica não é uma peculiaridade dos americanos, mas também está presente no inglês falado na Irlanda e na Escócia. Antigamente, o rotacismo do r também era presente no inglês britânico, até o século XIX pelo menos. De fato, naquela época a consoante “r” rótica se difundiu na fala da classe média, que desejava se diferenciar socialmente das classes mais baixas. Esse aspecto da pronúncia rapidamente se converteu em um sinal de classe e se estendeu em pouco tempo por todo o país. Portanto, quando um americano pronuncia o “r”, mantém um aspecto fonético do inglês original.
Exemplos
Inglês UK Inglês US
Hard (difícil) /hɑːd/ /hɑrd/
Car (auto) /kɑː/ /kɑr/
Butter (manteiga) /ˈbʌt·ə/ /ˈbʌt·ər/
Cot–caught merger
Esta é uma característica presente em grande parte do inglês americano e em algumas ilhas britânicas. Consiste na pronúncia idêntica de duas palavras diferentes. De onde vem? Os eruditos não conseguem entrar em consenso. Alguns argumentam que é uma evolução independente do inglês americano, outros acreditam que se deve à influência da fala dos imigrantes escoceses e que isso teria levado à difusão dessa característica em quase todo o território canadense onde se fala inglês e grande parte dos Estados Unidos. Na verdade, trata-se de explicações minuciosas e não existe uma resposta certa para essa pergunta.
Exemplos
Inglês UK Inglês US
Chalk (giz) /tʃɑk/ /tʃɑk/
Stalk (talo) /stɔk/ /stɑk/
Ausência do “broad A“
No inglês americano o a é pronunciado como /æ/ ao invés de /ɑ:/. É o que ocorre no caso de palavras como last (último), after (depois), fast (rápido), dance (dança). Nesse caso, parece que a evolução do sotaque americano aconteceu naturalmente sem uma explicação precisa. Simplesmente, o sotaque tem evoluído naturalmente ao longo do tempo.
Exemplos
Inglés UK Inglés US
Fast (rápido) /fɑːst/ /fæst/
Dance (dança) /dɑːns/ /dæns/
Sotaque
Outra diferença para a qual não há uma explicação precisa, mas uma simplesmente uma evolução separada das duas variantes está relacionada à sílaba tônica na palavra. Veja alguns exemplos.
(British) address → (American) address (endereço)
(British) adult → (American) adult (adulto)
(British) ballet → (American) ballet (balé)
(British) brochure → (American) brochure (folheto)
(British) cafe → (American) cafe (bar)
(British) advertisement → (American) advertisement (propaganda)
Favor VS Favour
Nesse caso não se trata tanto de uma diferença de pronúncia, mas de escrita. Por que muitas palabras como color/colour (cor), honor/honour (honra), to organize/organise (organizar), são escritas de formas diferentes? O motivo é bem estranho, mas interessante. O vocabulário do inglês americanos foi escrito pela primeira vez por Noah Webster, um lexicógrafo que viveu entre os séculos XIX e XX. Para destacar a independência dos Estados Unidos do domínio britânico, Webster decidiu eliminar algumas letras ou substituí-las por outras que têm um som similar. Essa é a razão da diferença puramente gráfica.
A influência do francês
Finalmente, para reiterar o que foi demonstrado com a consoante “r” rótica, ou seja, que o inglês americanos é, em alguns casos, mais fiel ao inglês antigo, falemos da influência do francês. A influência dos franceses pode ser verificada ao longo da história medieval e em outras épocas. Por volta do século XVIII, ou seja, quando os Estados Unidos já haviam alcançado sua independência, na Europa, o francês era considerado a língua franca e era utilizado como o idioma do intercâmbio, da diplomacia e da cultura. Por essa razão, o inglês adquiriu alguns aspectos da pronúncia e morfologia do francês e os mantêm até hoje.
Esses exemplos demonstram como o inglês britânico e americano tem evoluído de forma diferente e independente, e que nem sempre as diferenças se devem a uma variação do segundo em comparação com o primeiro. Se você está interessado em aprender mais sobre as diferenças entre o inglês padrão e o americano, especialmente na pronúncia, pode experimentar os curtas-metragens da ABA English. Eles ajudarão na aprendizagem da pronúncia do inglês britânico e americano.